RESPOSTA A UM ANÔNIMO
Postagem em referência: As Duas Naturezas do Homem – Doutrina Divina ou Satânica?
Data da Publicação: terça-feira, 22 de maio de 2012
Pergunta: “Meu irmao como voce esplica esse verciculo "Meus
filhinhos, estas coisas vos escrevo para que nao
pequeis; e, se alguem pecar, temos um advogado para
com o pai, jesus cristo o justo 1jo 2.1 voce disse
que o cristao nao peca A biblia diz que e mentiroso quem afirma isso 1 pe 1.8-10.” (SIC).
Prezado irmão, bom dia!
Eu poderia apresentar alguns
textos sem me aprofundar e, assim, ratificar a mensagem do blog. Contudo, meu
desejo é explanar o assunto, de modo que o irmão compreenda cabalmente o tema.
Refutar será meramente um efeito, não o objeto desse artigo.
Inicialmente, pretendo afirmar
que não é seguro estabelecer conclusões de textos isoladamente, levando em
conta a séria advertência do apóstolo Pedro, em sua segunda carta (II Pedro 3:16). E é o que tem acontecido com os
versos apresentados pelo irmão, que equivocadamente citou I Pedro 1:8-10. Cumpre-nos, se desejamos
depreender as lições de I João 1:7-10
(necessário se faz incluir o verso 7),
examinar o verso 6, dessa mesma
carta. Vejamos.
“Se
dissermos que temos comunhão com Ele E
ANDARMOS EM TREVAS, mentimos e não praticamos a verdade.” I João 1:6.
Perceba que mentir e não praticar
a verdade são atos que estão associados ao fato de estar-se nas trevas, e não na luz. Aqui o apóstolo estabelece
o que toda a Bíblia sedimenta em cada página, de Gênesis
ao Apocalipse: só há dois mundos, só há
duas atmosferas, só há dois ambientes: LUZ e TREVAS. Note o irmão que
não é possível estar nos dois lados concomitantemente. É impossível. Ou estamos
nas trevas, ou estamos na luz. E mais uma impossibilidade nos surge aqui: na
luz não se admite, em hipótese alguma, a prática do pecado. João diz claramente
que se temos comunhão com Ele, devemos andar sem transgredir Sua lei. Esse é o
entendimento que extraímos também doutro verso que o apóstolo escreveu, que
melhor explicita isso: “Aquele que diz que está nEle
também deve andar COMO
ELE ANDOU”. I João 2:6. Há
um dever naquele que diz que está em Cristo ou que está na luz: andar como Cristo andou. Não são
palavras minhas.
Muitos acham que o pronome
pessoal ELE, no verso 6,
esteja fazendo referência a Cristo, mas não é. Ali faz menção a Deus, o Pai. O
intuito do apóstolo João foi enfatizar, tornar mais forte sua mensagem. Ele
quis tornar patente como devemos agir se estivermos no mesmo ambiente em que o
Todo-Poderoso Deus, Pai, está. E, então, ele nos traz o verso 7, o qual o irmão não incluiu na lista
dos versos. São quatro versos (7,8,9 e 10)
que formam dois grupos (7 e 8, 9 e 10),
pois foram escritos para destinatários distintos, para situações extremamente
diferentes.
Vamos, portanto, nos debruçarmos
sobre esses dois grupos. Prima facie,
analisemos os versos 7 e 8.
I João 1:7
e 8.
“7 Mas, se andarmos
na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de
Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 8 Se
dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em
nós.”
Pense: qual o núcleo do verso 7? Na verdade, temos dois núcleos: o primeiro é ANDAR NA LUZ; o segundo, PURIFICAÇÃO. Guarde isso: a
purificação é um processo relacionado com quem já foi perdoado, justificado. A
salvação se dá em três fases: 1. Justificação; 2. Santificação; 3. Glorificação. Entramos na graça através da
justificação, que consiste num milagre, porque independe do nosso esforço; é um
ato exclusivo de Deus, por isso é um milagre. É um ato, não é um processo. Nessa
fase, entramos tão somente com a nossa decisão. Aí, vem a santificação. Santificação,
assim como a purificação, é um processo de transformação gradual. Ela é a
consequência VISÍVEL da purificação,
que é invisível. NÃO
HÁ SANTIFICAÇÃO SEM PURIFICAÇÃO. Esta aperfeiçoa aquela, consoante II Coríntios 7:1. Na jornada do justo, a cada decisão
perante o que lhe é revelado, sua mente é purificada e isso se refletirá
através de seus atos, com a santificação. Então, constantemente ocorrerá a
justificação, a purificação e a santificação. Diga-se de passagem, o parâmetro estabelecido
pelo apóstolo, quanto à purificação, não foi aferido nos padrões humanos. Ele
diz: “E qualquer que nEle tem esta
esperança purifica-se a si mesmo, COMO
TAMBÉM ELE É PURO.” I João 3:3.
Parece altíssimo, não é? A purificação tem o condão de nos tornar mais e mais
parecidos com Deus. Assim se expressou Salomão: “Mas a
vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais ATÉ SER DIA PERFEITO.” Provérbios 4:18. Vê? O brilho é constante, e a
finalidade é atingir a perfeição. Temos aí uma metáfora que se adéqua
perfeitamente à narrativa de I João 1:7.
A perfeição é Cristo, é Deus. O processo da salvação é exatamente este:
tornar-nos “santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis”.
Colossenses 1:22. E o apóstolo Paulo
assere que essas qualidades devem primeiro ser apresentadas perante Deus. SANTO, IRREPREENSÍVEL E INCULPÁVEL.
Existe espaço para algum vestígio de transgressão, seja no âmbito humano, seja no
espiritual? Claro que não.
Você notou que não estamos
falando do ímpio? Nossa intelecção está concentrada naquele que foi resgatado
pela graça de Cristo e que está vivendo em Sua presença. Agora, preste atenção!
Uma vez que estamos falando de purificação, não há como admitir que ela ocorra
uma única vez ou que haja um limite para a sua consecução. E por que não? Por
causa do seu objetivo: A PERFEIÇÃO. Já vimos isso. E a
perfeição aqui mencionada é Cristo. Também já vimos isso. Somos levados a
concluir que o processo da purificação é eterno, pois eterno é o caráter de
Deus e de Seu Filho. Então, raciocine comigo: se a purificação é eterna,
significa que sempre haverá dessemelhança entre o novo ser e o Seu Redentor que
necessitará ser abandonada, renunciada consoante seu crescimento. Eis porque eu
afirmei que sempre teremos a justificação, seguida da purificação e da
santificação. Vou dar um exemplo bem simples, do nosso dia a dia. Assim, quando
você passar pela situação hipotética, recordará desse nosso estudo. Imagine um
homem que caminha numa rua escura. Um pouco a sua frente existe um poste de
luz. Em sentido contrário, passa um veículo e borrifa lama em seu terno. Ele
sabe que foi atingido pela lama, mas a escuridão não lhe permite enxergar as
manchas. Porém, à medida que ele se aproxima do poste, as manchas vão se
tornando visíveis, até que, alfim, esteja debaixo do poste e veja tudo com
nitidez. É a essa experiência que se refere Provérbios
4:18. Em nossa jornada espiritual, de nós é exigida a decisão de
renunciar cada pecado que praticávamos sem saber, mas que agora, passo a passo,
tem sido revelado. Pediremos perdão, já que fomos despertados. Deus nos
perdoará. E, assim, continuaremos crescendo. Não há progresso sem renúncia. Não
há progresso se aninharmos o pecado que conhecemos. Davi não nos deixa dúvida
sobre isso: “Se eu atender à iniquidade no meu
coração, o Senhor NÃO
ME OUVIRÁ”. Salmo 66:18.
Sequer houve prática. O simples cortejo mental do pecado gera afastamento de
Deus. “Abstende-vos de TODA FORMA DE MAL”, disse
Paulo. I Tessalonicenses 5:22. Não se confunda: Deus não aceita que
continuemos a praticar o mal que já nos foi revelado. Devemos abandoná-lo por
completo.
Ora, se durante a purificação
sempre haverá pecado oculto a ser revelado, e isso é incontestável, ninguém
poderá afirmar que não tem mais pecado para ser purificado. Neste caso, a
purificação perderia o seu sentido. Que fique bem claro: não estamos falando de
pecado conhecido. O que já foi exposto, jaz abandonado. O progresso na vida
cristã está umbilicalmente ligado a isso. Como o caráter de Deus é
incomensurável, jamais a purificação terá fim. Daí, o apóstolo João consolidar
veementemente que “se dissermos que não temos pecado (pecado desconhecido a ser revelado),
enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”. Verso 8. O vocábulo pecado, nesse verso, não corresponde ao verbo PECAR, formando uma locução verbal com o verbo TER, mas um substantivo, e isso faz uma tremenda diferença, pois não está relacionado com algum pecado ANTES COMETIDO, mas com os pecados que ainda SERÃO revelados durante a jornada da santificação.
Dando continuidade, vamos nos ater aos versos 9 e 10 da carta do apóstolo João em epígrafe.
Diferentemente dos versos
examinados, temos agora uma mensagem direcionada, não para seres justificados,
que estão crescendo na graça, mas PARA OS ÍMPIOS, aqueles que ainda
não tomaram a decisão de renderem suas almas a Cristo. Então, João aconselha: “9 Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça. 10 Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua
palavra não está em nós.” I João 1:9 e 10.
É cediço que o único homem que não
transgrediu os mandamentos de Deus foi Cristo. Portanto, todos os demais homens
pecaram. Destituiríamos Cristo do título de salvador do mundo, caso alguém tivesse
tido a condição de viver sem cometer pecado, SEM O SEU AUXÍLIO. O mesmo João
havia escrito: “E, quando Ele
vier, convencerá o mundo do pecado...”. João 16:8. Essa missão é EXCLUSIVA DO ESPÍRITO
SANTO. É Ele Quem nos convence de algo que fazemos, contrário à
vontade de Deus. No verso 9, de I João 1, o apóstolo revela o amor de Deus e Sua
disposição em nos receber se resolvermos entregar-Lhe o coração, confessando os
nossos pecados. Como eu, você já deve ter ouvido alguém dizer algo do gênero, depois
de lhe ter sido pregado o evangelho: graças
a Deus eu não faço nada de errado. Minha vida é de casa pro
trabalho, do trabalho pra casa. Para muitos, melhor é não admitir que precisa de Cristo, assim descarta a oportunidade de ouvir o evangelho. São justamente
essas pessoas para as quais João escreveu João 1:10, NÃO PARA QUEM JÁ FOI SALVO E VIVE NA GRAÇA. Para aquele que diz que está na graça,
a advertência é que ele não se ache plenamente perfeito, como se tivesse
chegado ao topo da purificação, ou seja, isento inclusive dos pecados ocultos.
Isso jamais ocorrerá, como já vimos. O aperfeiçoamento espiritual é eterno. Podemos afirmar,
sem medo de errar, que podemos atingir a perfeição parcial (Filipenses 3:15), mas não a plena.
A confusão que muitos fazem no verso 10, de I João 1, ocorre por causa do tempo do verbo PECAR. Esse verbo,
como alguns outros da primeira conjugação (AR), admite a
mesma grafia para o presente do indicativo e para o pretérito perfeito. Se eu disser: NÓS PECAMOS, você não
poderá asserir que foi agora ou ontem, analisando apenas a expressão
pronunciada. Existe a possibilidade de ser um ato presente como um ato passado,
entende? No verso em exame, o apóstolo não está dizendo o que aparenta ser, isto é, que nós pecamos
aqui e acolá, esporádica ou constantemente, não. Definitivamente não. E como
ter certeza disso? Como sabemos, o Novo Testamento foi escrito no Grego. O texto de I João 1:10, no grego, foi escrito em consonância com o tempo verbal aoristo indicativo. Esse
idioma, diferentemente do nosso, não admite para o tempo pretérito perfeito e para o
presente do indicativo a mesma grafia. Não existe essa coincidência. O tempo verbal que se reporta aos atos praticados no passado é o AORISTO INDICATIVO (equivalente ao nosso pretérito perfeito) e sua grafia não se confunde com a de nenhum outro tempo verbal. Portanto, consolidadamente aoristo indicativo é só e somente
só PRETÉRITO
PERFEITO e pronto. Então, de acordo com o Grego, temos: “se dissermos que
NÃO TEMOS COMETIDO PECADO (no passado)...”. I João 1:10. E é assim que está escrito na Almeida Revista e Atualizada, exatamente
para evitar essa confusão. Isso esclarece tudo, não é verdade? João está
falando para aqueles que resistem ao chamado de Cristo, que alegam não ter
necessidade de um salvador. Ora, se Deus categoriza que todos pecaram e que carecem
da Sua glória, então, quem afirma que não cometeu pecado no passado, dispensando a confissão, mesmo depois de o Espírito Santo expor a pecha
espiritual, está chamando Deus de mentiroso, está dizendo que Deus mentiu
quando inspirou Seu apóstolo a escrever Romanos 3:23: “Porque TODOS pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
Como se pode ver, nos dois primeiros versos (7 e 8) do livro em destaque, a afirmativa negativa parte do homem, por isso ele é tido como mentiroso, por se tratar de uma inverdade; nos versos seguintes (9 e 10), a afirmativa positiva é da parte de Deus, e o homem O faz
passar por mentiroso, ao declarar o contrário.
Nas ensanchas, será de bom alvitre trazer à baila
alguns versos que mostram que Deus exige dos que professam ser cristãos uma
vida sem a transgressão de Sua lei ou, usando a frase pronunciada pelo saudoso Pastor Roberto Rabello, "UM VIVER SEM PECADO". Não nos resta
nenhuma dúvida. O pecado conhecido não pode fazer parte de quem afirma ter sido
transformado pelo Espírito Santo. E declino aqui alguns textos, não uma lista exaustiva, que
ratificam essa minha assertiva: Êxodo 20:20; Salmo 4:4; Ezequiel 3:21; João 5:14; 8:11; I Coríntios 15:34; Efésios 4:26; I João 2:4; 3:6; 5:18.
Destaco dessas passagens:
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus NÃO PECA...” I João 5:18.
“Qualquer que permanece nEle NÃO PECA; qualquer que peca NÃO O VIU NEM O CONHECEU.” I João 3:6.
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus NÃO PECA...” I João 5:18.
“Qualquer que permanece nEle NÃO PECA; qualquer que peca NÃO O VIU NEM O CONHECEU.” I João 3:6.
Pergunte pra
si mesmo: Cristo exigiria do paralítico algo que não lhe fosse possível
realizar? Com certeza, não. Sua recomendação também é para nós, se afirmamos
que estamos na graça: “Eis que JÁ ESTÁS SÃO; NÃO
PEQUES MAIS...” João 5:14. O que Paulo diria? “Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da
graça? DE MODO NENHUM!”
Romanos 6:15.
É possível cair depois de estar
andando na luz? Sim, claro. O justo não perdeu a razão nem o poder de escolha
quando foi transformado. Diante de uma tentação, ele poderá atender à voz do
tentador ou não. E não podemos nos esquecer da existência do pecado
involuntário. Está escrito: “Semelhantemente,
quando o justo se desviar da sua justiça e fizer maldade, e Eu puser diante
dele um tropeço, ele morrerá; porque, não o avisando tu, no seu pecado morrerá,
e suas justiças que praticara não virão em memória, mas o seu sangue da tua mão
o requererei”. Ezequiel
3:20. Foi por tal motivo que João escreveu o verso 1, do capítulo 2,
de sua primeira carta. Verso tantas vezes empregado para soterrar uma verdade
sedimentada por Cristo e Seus seguidores. Ele disse SE, que representa
possibilidade, não certeza. Noutra versão diz SE PORVENTURA, indicando
uma possibilidade REMOTA de ocorrer.
Não procure os personagens bíblicos
que provaram a queda; busque os que não provaram. Você os encontrará, e não são
poucos. Os que caíram, sofreram sérias consequências, para que nós não venhamos
a incorrer na mesma situação. E mais: eles se levantaram, e não se registram a seus respeitos QUEDAS
ESPORÁDICAS. Por fim, pelo que disse João, segundo os textos abaixo, mentirosos
são aqueles que proclamam ter sido salvos pela graça, e que vez ou outra
transgridem a lei de Deus, mesmo em pensamento, através de pecados bastante conhecidos, sob a desculpa de que 'somos humanos e falhos'.
“Se
dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, MENTIMOS e não praticamos a verdade.” I João 1:6.
“Aquele que
diz: eu conheço-O e não guarda os Seus mandamentos É MENTIROSO, e nele não está a verdade.” I João 2:4.
Espero não haver mais dúvidas e
ter contribuído para o crescimento espiritual do irmão. Lembre-se, está
escrito:
“Porque os
que dantes conheceu, também os predestinou PARA SEREM CONFORMES À IMAGEM DE SEU FILHO, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
Romanos 8:29. Esse é o objetivo do
evangelho.
Que Deus nos abençoe!